Olhe dentro dos meus olhos
E não desvie sua alma da minha.
Diga ao coração que o peito suplanta
Para que acalme, acalente-se
Não estou aqui como quimera
Com a foice em riste…
Não nego a agrura na qual jogaste meu destino
O chão sumiu tão de repente feito
Uma bolha de sabão que estoura.
A minha bússola estava quebrada
E sem norte ou sul fiquei ao léu
Mesmo duramente machucada
Coloquei-me a linha do sol poente
E cada passo ao mar joguei-me firme
Encare a sua cria.
Este ranço ou desamor semi cerrado
Que de minha palavra mina
É apenas uma reação adversa
De sua inenarrável destreza
Em causar feridas alheias.
Não diga que nada foi real
Nem pense em usar desse ardil
Para deitar a consciência
Ao sono dos justos.
Apenas não desvie de mim seu olhar e seu ser
E ao menos seje
Digno.
Seje real. Tangível.
Escrevo essas tortuosas linhas
Entre essa letras pescadas a esmo
Para estancar a desolação de ter dado passagem
Ao meu jardim
A quem apenas ouro de tolo carregava na algibeira.
Mas eis ai a beleza da tragédia por inteiro
Errar e assumir o preço
Valentia rara
Entre homens ignóbios de faces vazias.